domingo, 13 de dezembro de 2009

Reflexão...

Por ocasião de uma entrevista que tive que fazer, fui a uma aula de Desenho numa escola secundária pública portuguesa. Muito se fala da juventude hoje em dia. E do que se faria eventualmente de melhor com ela. Ok, factos: estes miúdos têm as piores salas em que já entrei, tendo em conta que são de Artes - estores que não abrem, janelas que também não servem para nada e mesas de desenho (vá lá, articuladas!) mas antiiiigas. Paredes pintadas, cadeiras partidas, enfim, podem até ser culpa deles...mas não haverá uma tentativa de chamar a atenção no meio disto? O sistema de ensino português não é do melhor. Não mesmo. Os colégios privados exigem dois ordenados dos pais para pagar um mês de escola...e o resultado final? Filhos mimados, egocêntricos e com um afastamento tão grande da realidade que mete medo. As escolas públicas são o oposto: miúdos que desde novos convivem demasiado com a realidade, correm o risco de se tornar parte integrante dela. Do lado MAU dela. Falta de informação, instalações velhas e (pior!) mal cuidados, auxiliares e professores que, de tanto verem "faltas de respeito" simplesmente deixaram de ligar...é como se não "dessem mais nada" por aquele miúdo... Estudei oito anos num colégio semi-privado. Fiz a escola primária numa escola pública e agora a faculdade também. Digo-o sem hesitar: se tivesse feito todo o percurso escolar numa escola pública, talvez não tivese feito o 12º ano...e quase de certeza que não ia para a faculdade. É claro que isso depende da pessoa e da escola em si. Mas a escola onde fui era aquela em que deveria ter andado, de acordo com a área de residência. E foi a opinião que ficou...já não gostava, gosto menos ainda agora. Na minha escola imperava a lei da rua nos pátios e entre nós. Éramos unidos no Bem e no Mal. Mas havia o espírto de família que só quando os professores e os funcionários são os mesmos durante anos é possível alcançar. Aquelas pessoas veêm crescer os miúdos que lá entram. E mesmo depois, quando já saímos de lá, continuam a tratar-nos pelo nome. Somos sempre "dali". Cada jovem de uma escola pública é uma potência mal aproveitada. Escondem as frustrações e o "impossível de concretizar" por detrás do estilo "cool" e das "bocas" que mandam uns aos outros. É uma protecção. Se fossem ouvidos, haviam de ter propostas interessantes para fazer. E se calhar até eles próprios mudariam com isso. Quem vai todos os dias à escola (e às aulas) numa escola pública tem de ser persistente. Tem que ser alguém capaz de acreditar que as coisas vão mudar um dia. É pena que "os senhores da educação" do nosso governo já não se lembrem como é estudar no ensino público. Se calhar...anadaram no privado. No colégio.

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