sexta-feira, 17 de abril de 2009

Há algo de profundo na poesia. É como que a eterna viagem entre quem fomos, quem somos e quem seremos e, ainda e sempre, quem os outros pensam que éramos, somos e iremos ser. Somos tanta gente! E nessa viagem, é por vezes preciso, parar e reflectir. Sobre como continuar a jornada, sobre se se deve continuar o caminho, sobre a nossa pessoa. Desculpem, as nossas pessoas. Marcos Leal, que não tenho bem a certeza quem seja, nem sei se foi de facto ele quem escreveu o texto que se segue, faz muito bem esta reflexão: no fundo é a bagagem da vida passada que importa para o futuro. Seja ela recheada de coisas boas ou ruins, todas têm algo a ensinar. Ora leiam lá:

Do outro lado de mim...

Não é a vida que se não viveu o que desgosta;

Não são as horas perdidas à espera de outras o que faz falta;

Nem os sonhos que a realidade não compensou

O que pesa na balança da existência.

Quando o mar é manso e igual

Nem se sente o alvoroço da chegada.

O porto está além mas nada significa além do desembarque.

A chegada é coisa vazia com sabor a frustrada despedida.

O que interessa na vida é a bagagem dela nos nossos sonhos de futuro.

Será o que para além a aventura queimará, alimentada

Por pedaços de nós que o vento arranca.

O que interessa não é a paz de ter chegado.

O que é grande e belo, é isto de chegar

E ter logo e sempre a coragem de partir.

1 comentário:

Teresinha disse...

A bagagem da vida..:) Tão meu, tão nosso.. Tão profundo e tão simples.. já diz o Venturinha que tem "33 anos metidos na memória".. Temos todos! Na nossa grande mala, temos os pedacinhos de vidas que são nossos.. que somos nós, que formam o nosso plano, constantemente incompleto..:)*