Há algo de profundo na poesia. É como que a eterna viagem entre quem fomos, quem somos e quem seremos e, ainda e sempre, quem os outros pensam que éramos, somos e iremos ser. Somos tanta gente! E nessa viagem, é por vezes preciso, parar e reflectir. Sobre como continuar a jornada, sobre se se deve continuar o caminho, sobre a nossa pessoa. Desculpem, as nossas pessoas. Marcos Leal, que não tenho bem a certeza quem seja, nem sei se foi de facto ele quem escreveu o texto que se segue, faz muito bem esta reflexão: no fundo é a bagagem da vida passada que importa para o futuro. Seja ela recheada de coisas boas ou ruins, todas têm algo a ensinar. Ora leiam lá:
Do outro lado de mim...
Não é a vida que se não viveu o que desgosta;
Não são as horas perdidas à espera de outras o que faz falta;
Nem os sonhos que a realidade não compensou
O que pesa na balança da existência.
Quando o mar é manso e igual
Nem se sente o alvoroço da chegada.
O porto está além mas nada significa além do desembarque.
A chegada é coisa vazia com sabor a frustrada despedida.
O que interessa na vida é a bagagem dela nos nossos sonhos de futuro.
Será o que para além a aventura queimará, alimentada
Por pedaços de nós que o vento arranca.
O que interessa não é a paz de ter chegado.
O que é grande e belo, é isto de chegar
E ter logo e sempre a coragem de partir.
1 comentário:
A bagagem da vida..:) Tão meu, tão nosso.. Tão profundo e tão simples.. já diz o Venturinha que tem "33 anos metidos na memória".. Temos todos! Na nossa grande mala, temos os pedacinhos de vidas que são nossos.. que somos nós, que formam o nosso plano, constantemente incompleto..:)*
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